domingo, 25 de setembro de 2011

Pós-modernidade, lucubrações e Kundera

Quando você sente as costas endurecerem, uma vazio enjoado no estômago e uma melancolia serena, é sinal de que está amadurecendo.

Gostaria de fotografar corpos nus, meu íntimo, mas meu íntimo não é só meu.

***


O mais estranho no acabar de um relacionamento é que você tem que se acostumar que o corpo do outro não está mais com você. O corpo do outro pode estar com outro, e outros, mas não com você. Isso pode gerar duas coisas. Ou você sente ciúmes e morre em pensar no outro com um outro corpo, se deliciando com um outros corpos, lambendo, sentindo, cheirando e se divertindo com um corpo outro, ou você abre a mente e pensa que o sexo não necessariamente precisa ser recluso a duas pessoas, entendendo-o como fluido, como fluxo, que vai e vem de uma pessoa a outra, sem fronteiras, ou limites. Meio pós-moderno mesmo.

Embora sinta aquele, muito fortemente, prefiro que esse aconteça comigo. Prefiro acreditar que meu corpo é livre e são, aberto a fluxos, a fluidos, que posso sentir prazer com mais de uma pessoa, que mais pessoas podem se divertir com meu corpo, e eu, me divertir com o delas. Sentir que vivemos menos dicotomicamente, e mais em rede, em processos de idas e vindas, que não são estanques em si. Que não preciso estar recluso a alguém, seu sêmen, seu suor, suas curvas morenas e peludas, ainda que deliciosas. Mas que outros corpos podem me atiçar o desejo e fazer eregir minha genitália.

Acho que as teorias pós-modernas fazem a gente pensar melhor sobre si, a vida e as relações humanas. Viva Milan Kundera!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Pequeno doloroso diálogo madrugal

- Oi.
- Oi.
- Tudo bem.
- Como é que você tá?
- Tudo bem - respondeu choroso.
- Tais em casa?
- To sim. Tais onde? Na universidade?
- To sim.
- Tava ficando com alguém, foi?
- Mais ou menos... - respondeu triste e, ao mesmo tempo, reticente.
- Ta bom. Tchau.
- Fica bem, viu?
- Ta bom. Tchau.

Daí, deitou, mas não conseguiu dormir, a cama balançava a noite toda, na verdade era o corpo que balançava, tremia, gemia, doía, gritava de dor e aflição. Chorava, rangia, e a ansiedade lhe desesperava. Não sabia o que fazer. A mãe, no quarto ao lado, não poderia perceber nada, nenhum grito do choro. Não resistiu, com os primeiros raios do dia, vestiu a calça e a camisa com que havia chegado na noite anterior e se debandou de casa, sem se importar como o que a mãe pensaria com aquela saída repentina.
Eram cinco da manhã, e esperaria até as cinco e meia da manhã pelo ônibus. Veio, e foi. Chegando à universidade, nada, nenhum sinal, nenhum vestígio de vida, Nada, nenhum vestígio dele. Andou até o fim da pista, e chorou copiosamente. Voltou insatisfeito, triste, enciumado. Voltou de ônibus, por volta das seis e meia da matina. Nunca mais fora o mesmo.