sábado, 21 de junho de 2014

espero ver-te

na onda do teu cabelo, eu me perdi
e tu me fizestes me perder também
nos bicos dos teus peitos, ao abrir tua camisa, e desvendar teu saco
te vi nu, me visses nu, e nus nos abraçamos, nos demos

me perdi nas palavras que dissesses
e no "eu quero te ver de novo" eu acreditei
talvez possa acreditar de novo, não sei [mais]
quero-te por perto, bem perto, muito parte
carne e carne, unha e unha, cheiro no cangote

nesse meio pouco da gente, de nós
do pouco e do muito que temos a oferecer mutuamente

não tem medo; não te arrecifes: eu cuido da tua dor, e tu cuidas da minha
pra sarar juntos, delicados, e amados

espero te ver.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

[poderia ser.]

tomava banho
um gota passou por meio do canto do olho
achei que fosse uma lágrima

[poderia ser.]

domingo, 1 de junho de 2014

não sê-lo, eis a questão

[lembrando de Rodrigo Vaz]

nesse dia, eu senti empatia por quem é considerado "louco"
pelos olhos, pela reclusão, por aquela porta-vala que se abria e para onde iam, eu pensei que iria também,
que poderia ir

e, no meio dessas poucas falas e explicações, de pouca instrução, de sacolas de industrializados, eu me senti pertencente a esse espaço e temeroso por isso, ao mesmo tempo em que os via tão ignorantes de si mesmos, suscetíveis ao apelo, à interpelação do outro: "ele é louco, minha senhora".

e louco tenho me sentido, e tenho mais medo, mesmo, é da normalidade. ser normal é linha tênue, é pânico, é medo de não ser normal. tenho empatia pelos loucos porque, quem sabe, devo ter empatia por mim e pelos outros.

não ser normal.
talvez nunca tive tanta ideia do que isso, meu querido, queria dizer.