tag:blogger.com,1999:blog-54506653512731387562024-03-05T07:23:38.988-08:00Absurdez de um desejo [i]limitanteComichão de mão e mentes.Expressão, sinal, ou desejo de comunicação. (I)Limitado!Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.comBlogger116125tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-5135467426565418042017-01-17T18:37:00.000-08:002017-01-17T18:37:47.730-08:00<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
daí que ele meteu no meu cuzinho<br />
dizia que eu era "profissional" nessa tarefa de dar o cú<br />
e, ele, profissional em chupar pau, e que meu pau era uma delícia<br />
<br />
ele veio arrumadinho, cabelo penteado<br />
parecia que ia dormir<br />
mas aí, chão de sala, roupa no chão de sala, sala sem ser sala<br />
a contaminação do erotismo</div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-44499207081189881862017-01-17T18:33:00.000-08:002017-01-17T18:33:03.921-08:00medo. pavor.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
desistir. vontade de desistir.<br />
não, não é um vontade nova. acho que a cada momento de adaptação, de reencontros ou desencontros, de estruturação de um caminho na vida, essa sensação bate. e bate também um desespero e um angústia sem fim. ou que quer um fim muito radical. quer-se o fim dos fins.<br />
<br />
mas e aí, como fazer, a que recorrer. nesse desejo, nessa sina? nesse olhar desencantado? nesse corpo máquina, vendido para viver - ou vivendo para se vender para viver? cadê as vontades, os desejos, a satisfação em viver. medo. pavor. </div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-83191322133239581022016-04-26T11:07:00.002-07:002016-04-26T11:07:46.482-07:00dos teus sapatos<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
tu me deixa bêbado<br />
atônito<br />
tonto até<br />
<br />
me deixa bagunçado<br />
e quão bagunçado eu fico<br />
contigo<br />
é como ressaca de viagem<br />
(é também ressaca de viagem)<br />
<br />
é voltar pra casa, sem cama, sem sono, sem tu<br />
é voltar nessa estrada sozinho, sem muitas esperanças, a não ser a de voltar<br />
a de voltar sempre<br />
assim que dá<br />
assim que der<br />
<br />
tu me deixas bêbado<br />
mas sou eu quem tira teus sapatos antes de dormir<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgF407eOiT03kSXOm1-uAjvXZvSHvyaCGKG8TPN5I3MYvBPzokPewBMMbOYRf3kVJ4h75t9RXvf7lJEl9WrXWzA_KJJmnEE0Og461Ou3RaXYBbp_aIxL_iDuRCX8aVMuUGzZfobBvmJB8En/s1600/Imagem+%2528137%2529.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgF407eOiT03kSXOm1-uAjvXZvSHvyaCGKG8TPN5I3MYvBPzokPewBMMbOYRf3kVJ4h75t9RXvf7lJEl9WrXWzA_KJJmnEE0Og461Ou3RaXYBbp_aIxL_iDuRCX8aVMuUGzZfobBvmJB8En/s320/Imagem+%2528137%2529.jpg" width="212" /></a><br />
<br />
<br /></div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-49493876773323466682015-10-19T14:08:00.001-07:002015-10-19T14:09:15.427-07:00teu pé tomando sol<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
sabes que, contigo e para ti, não é necessário mais música.<br />
claro, ainda tem aquelas da rita lee, para você ser meu namoradinho. e que nem vou suportar você com outro alguém. ou ainda: nada é melhor que deitar o rolar com você.<br />
<br />
e nem precisa de música pra isso. até pensei em colocar uma. mas meu humor é todo teu. nem quero nem preciso de música para me divertir, me acalmar. és tu meu muso e músico e música.<br />
<br />
é só olhar no canto da porta do quarto, ver o teu pé tomando um sol na beira da cama.<br />
e ganho meu dia.<br />
<br />
e ganho minha vida. </div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-53312481336980369992015-04-02T18:46:00.001-07:002015-04-02T18:46:07.646-07:00traga<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
vem, vem pra cá<br />
goza aqui<br />
resplandece<br />
goza de novo<br />
minha cara<br />
<br />
-- traz umas cervejas.</div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-88021604074056655152015-04-02T18:45:00.001-07:002015-04-02T18:45:31.050-07:00nessa semana essa cerveja da semana que vem<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
e havia ali um ensejo, um desejo, por sorte. ali, aquele animal de óculos, que transparecia ou refletia tanto dos seus desejos. e aquele tempo, por mais que passasse, e quanto mais passasse, aumentava-lhe de tal maneira seu desejo que tudo que queria ali era beijar-lhe a boca.<br />
com todos os medos possíveis. mas também com toda lembrança. lembrança do corpo, eterna esperança. e a intermitência, o diálogo de tais intermitências, as idas, as vindas, os retornos. os fragmentos de tempo, de desejo, e de procura.<br />
<br />
e a esperança dessa cerveja na semana que vem. </div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-13215107544560842382015-03-07T07:49:00.001-08:002015-03-07T07:49:46.565-08:00epistemologia do pornô<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
como pesquisar do pornô sem lhe desejar?<br />
qual a graça, qual a epistemologia presente ou não presente em analisar o pornô sem que se deixe que suscite desejos? sem perceber os planos e como eles podem introduzir novas potências ao mesmo tempo em que te levam a bater uma? e essas bundas, como aparecem no plano -- e que bundas gostosas que quero lamber e chupar-lhes, opa?<br />
<br />
<br /></div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-19667821409501953712014-11-16T12:17:00.001-08:002014-11-16T12:17:50.788-08:00mundo aberto sorriso incerto<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
sim<br />
queria mesmo dizer que são meus sonhos<br />
essa luz e preguiça de domingo na tua cama<br />
o cheiro do novo pelo ar<br />
a impressão de novo começo<br />
ou a ansiedade de 17 anos que vai saindo pela primeira vez<br />
ou de quem perde o medo do mundo para amar e beijar os amigos em viagens distintas<br />
<br />
posso dizer de um novo recomeçar<br />
isso não é poesia, pode ser confissão<br />
pode ser o que for<br />
até expressão<br />
<br />
mas escrevo e constituição de mim, dos outros, da tua cama e de ti<br />
não sei mais quem sou<br />
<br />
mundo aberto, sorriso incerto<br />
eis-me aqui</div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-27819237177602419392014-10-16T01:57:00.001-07:002014-10-16T01:57:39.020-07:0010 minutos enamorado<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
10 minutos.<br />
Sim, nosso namoro durou dez minutos. Não mais, nem menos.<br />
Nem tão só, nem já, nem tarde. 10 minutos.<br />
<br />
Ali, nos enamoramos pelo olhar. Assim, descaradamente, na frente de todo mundo. Aquele absurdo matinal. Um desejo de boca que aproximava, e que encarava. Assim, na frente de todo mundo.<br />
<br />
Sabe daqueles olhares que dizem de si mesmo, como que falam "Sim, sou eu eu mesmo, eu estou te olhando mesmo. É isso, paquerando com você". E de tão metaolhar, era irônico, sarcástico.<br />
<br />
Durante nosso namoro, nos vimos, nos escondemos. Rimos um da cara do outro, um na cara do outro, tamanha cara de pau. Em alguns momentos era brincadeira, em outras, sedução. [Ora, e quem disse que sedução não é um tipo de brincadeira?]<br />
<br />
Aproximei-me. O olhar ficou mais curto. Era preciso mais volta do pescoço. Difícil. Ali, na frente de todo mundo.<br />
<br />
Saí sem saber seu nome. Namoro de sem nome, namoro de olhar. Mas me despedi, mesmo assim. Nosso namoro acabou sem que nos olhássemos novamente. Ali, na frente de todo mundo.</div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-48857230418789551312014-08-03T19:43:00.001-07:002014-08-03T19:43:39.160-07:00nem sei mais se desejam<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
e eis que me aparecem uns gestos, e eis que ensaio e enceno uns gestos do nada.<br />
do nada, me roço nas paredes, nos cantos e nas esquinas.<br />
aproximo minha boca das portas, das paredes. me torno lascivo.<br />
sou lascívia pura, e me pego acariciando o mundo inteiro, as mesas, as portas, o computador.<br />
beijo meus óculos, e fico me cheirando, um cheiro aqui, outro acolá.<br />
sinto falta de pele, de pelo, e nessa falta me vêm tais gestos, que visam se completar e completar o mundo.<br />
<br />
não, eu não caibo mais em mim, e, suponho, que nem mais em ti. eu inflo pro mundo, me perco sem retornar. daí que olho para a varanda, meio desalento. rosto pro lado, cabeça na mão, cotovelo na mesa.<br />
perdi até minha escrita. nem sei mais como escrever.<br />
<br />
p.s.: daí que meu cheiro e teu cheiro se misturaram, não se dissipam nem se desmembram mais:<br />
se desejam.<br />
<br />
<br /></div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-11651239528508401852014-08-03T19:42:00.001-07:002014-08-03T19:42:32.870-07:00purafectude<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
e tu, que é pura afecção,<br />
e teu corpo, que não é mais como o corpo dos outros<br />
teus olhos são maiores, tua pele, mais extensa, quase infindável: infinita.<br />
nessa boca que me esqueço, me aprofundo, e que esqueço, por vezes,<br />
esses braços estendidos, do tamanho de um mundo, um mundo de dois a dois<br />
<br />
e tu, que é pura afecção<br />
teu corpo é contágio, teu corpo é aberto, não fechado<br />
porque eu abro esse teu corpo, te rasgo, abro inteiro, para ver o que tem dentro<br />
para sentir o que tem dentro<br />
mas não há nada, há só afecção<br />
há só eu e tu<br />
<br />
teus olhos não são mais como antigamente<br />
não são mais olhos fechados em si, nas suas órbitas,<br />
eles se abrem quando eu chego, se abrem para mim, e se derramam em minhas mãos<br />
se derramam em beijos<br />
<br />
não são mais olhos dentro de um corpo que meu olho acessa de longe, na sua completude<br />
não há mais completude, há só incompletude<br />
há um vazio, como aqueles joguinhos em que falta uma peça<br />
em vão, os blocos, os dígitos vão se movimentando na tentativa de completude, mas nunca se chega a tal, mas é aí que ocorre o movimento, o fluxo, o fluido: o jogo e a brincadeira permanecem latentes, e nunca findam<br />
<br />
espero que a gente não finde<br />
a gente, que é pura afecção.</div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-85699685812196575922014-08-03T19:38:00.000-07:002014-08-03T19:39:37.873-07:00"esse pequeno poema pra ti"<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
sinto teu cheiro no meu braço,<br />
e me revelo todo.</div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-86121356146911821432014-08-03T19:28:00.001-07:002014-08-03T19:28:02.633-07:00performando um conceito<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">vou criar, eu mesmo, um conceito de performance</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">de performance como brincadeira</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">como para tirar o tédio do dia a dia, para fazer e ocupar o ócio</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">performance para aquele que não tem nada pra fazer, pros ociosos, deprimidos e oprimidos</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">vou criar performance, inventar um conceito, ler mil livros e rastejar sobre eles</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">performance para minar a ansiedade</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">performance que existe só porque existe ansiedade</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">performance que existe pra ansiedade, como vício</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">sem desculpas, ou como desculpa</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">como confissão ou confusão</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">do amor chorado, do amor vivido, do amor estraçalh</span></div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-39215408048553896382014-07-22T04:12:00.001-07:002014-07-22T04:12:34.721-07:00falemos dele nela<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
daí que olho no corpo meu corpo<br />
vejo os hematomas, mas nem lembro das dores<br />
parece mesmo que essas dores são para dizer que o corpo está aqui, que ele existe, que ele resiste e que ele re-existe. re-existir é existir a cada um, a cada momento, a cada dor. ficam os hematomas. as dores passam, por hora voltam, e o corpo permanece: re-existe.<br />
<br />
daí que olho no corpo os hematomas. talvez os ache bonito. o corpo reclamou. é preciso mais cuidado. é preciso mais carinho. mas não pára. ou pára, ou pára tudo.<br />
<br />
desrespeito os novos acordos de ortografia da língua que diz portuguesa. pára, como acento mesmo mesmo: continuo com o acento. falo brasileiro tropical(ia). falemos doutras línguas. </div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-39556742143457908972014-06-21T18:30:00.001-07:002014-06-21T18:30:02.731-07:00espero ver-te<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
na onda do teu cabelo, eu me perdi<br />
e tu me fizestes me perder também<br />
nos bicos dos teus peitos, ao abrir tua camisa, e desvendar teu saco<br />
te vi nu, me visses nu, e nus nos abraçamos, nos demos<br />
<br />
me perdi nas palavras que dissesses<br />
e no "eu quero te ver de novo" eu acreditei<br />
talvez possa acreditar de novo, não sei [mais]<br />
quero-te por perto, bem perto, muito parte<br />
carne e carne, unha e unha, cheiro no cangote<br />
<br />
nesse meio pouco da gente, de nós<br />
do pouco e do muito que temos a oferecer mutuamente<br />
<br />
não tem medo; não te arrecifes: eu cuido da tua dor, e tu cuidas da minha<br />
pra sarar juntos, delicados, e amados<br />
<br />
espero te ver.</div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-55118969416723341682014-06-11T15:21:00.001-07:002014-06-11T15:21:16.854-07:00[poderia ser.]<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
tomava banho<br />
um gota passou por meio do canto do olho<br />
achei que fosse uma lágrima<br />
<br />
[poderia ser.]</div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-48977373321148201802014-06-01T11:02:00.000-07:002014-08-03T19:40:57.347-07:00não sê-lo, eis a questão<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
[<i>lembrando de Rodrigo Vaz</i>]<br />
<br />
nesse dia, eu senti empatia por quem é considerado "louco"<br />
pelos olhos, pela reclusão, por aquela porta-vala que se abria e para onde iam, eu pensei que iria também,<br />
que poderia ir<br />
<br />
e, no meio dessas poucas falas e explicações, de pouca instrução, de sacolas de industrializados, eu me senti pertencente a esse espaço e temeroso por isso, ao mesmo tempo em que os via tão ignorantes de si mesmos, suscetíveis ao apelo, à interpelação do outro: "ele é louco, minha senhora".<br />
<br />
e louco tenho me sentido, e tenho mais medo, mesmo, é da normalidade. ser normal é linha tênue, é pânico, é medo de não ser normal. tenho empatia pelos loucos porque, quem sabe, devo ter empatia por mim e pelos outros.<br />
<br />
não ser normal.<br />
talvez nunca tive tanta ideia do que isso, meu querido, queria dizer.</div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-17272173446034552312014-04-07T03:00:00.001-07:002014-08-03T19:41:06.851-07:00do verbo lindar<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
patenteei o verbo lindar.<br />
agora é assim:<br />
<br />
eu lindo e tu lindas.<br />
ele e ela linda. nós lindamos, e vós: lindais.<br />
eles lindam.<br />
<br />
eu lindo e tu linda, nós lindamos.<br />
eu lindo, tu lindo e tu vindo.<br />
tu lindo, eu vindo e eu indo.<br />
<br />
vem me lindar<br />
lindo eu, lindo tu<br />
acabei de lindar tu<br />
vem me lindar também<br />
eu te lindo: tô te lindando<br />
<br />
tu já me lindaste<br />
e, lindado, permaneço aqui<br />
<br />
um'bora lindar<br />
pra lindar o mundo<br />
lindar a gente<br />
vamos lindar<br />
<br />
lindar vem do latim <i>lindare</i>, que, segundo o Houaiss de 2007, significa "deixar puro, empurecer, do puro" e, em outro campo semântico "permanecer, ficar, deixar estar". no século XVI, referiu-se grosso modo, na releitura romântica de epopeias gregas, ao predicativo da personagem principal feminina que só se deixava ficar por causa de sua pureza e da pureza de seus sentimentos. a ideia sujeira era, então, aplicada à ideia de passageiro, de nomadismo e também de invisível e de reversível. desde então, o verbo entrou em desuso. talvez graças ao aplicado recurso de desvinculação, na literatura, após a onda romântica, das noções de pureza e de permanência, ou ainda, quando a noção de pureza vai perdendo a potência com a decadência do discurso cristão, e sendo sendo reapropriada por outros discursos, como os foucaultianos e rabelaisianos (ver Foulcault, M. e Rabelais <i>apud</i> Bakhtin, M.). </div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-1056256402060773842014-03-31T07:01:00.000-07:002014-08-03T19:37:56.693-07:00suspiros de chuva<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Daí que do outro lado, a uma rua de distância, ele se ancorou na varanda de casa e olhou. Olhou pro céu, olhou pra rua, olhou também pro lado de cá. Não sei bem se olhou para cá, mas, de algum modo, senti seu olhar invadir a minha casa, adentrar os muros do condomínio, se espreitar pela abertura da minha varanda e chegar à minha sala. E emplacar, também, nos meus olhos.<br />
<br />
E ele se deu assim. Jogou o corpo quase para fora de casa: os olhos voltados para a rua, o rosto quase do lado de fora, assim como suas mãos. É uma varanda ampla, que sai quase toda para a rua. Aqui é assim, as casas pequenas ampliam-se, tornam-se duplex, triplex, ganham varandas amplas ou se tornam mesmo grandes caixas fechadas. Ou permanecem, como o passar dos anos, do mesmo jeito como foram construídas.<br />
<br />
Por um momento, pensei se fôssemos amantes, e o quanto me angustiaria olhá-lo assim, de longe, sem poder tocando, tocando-o só com os olhos. Ele casado, na casa dos pais, com filho, e meu amante, de vir em casa, mas me olhando, agora, de longe. Suspiraria, fingiria que não olhara para olhar de novo e vê-lo e amá-lo de longe. Ele estaria se dando a mim de sua casa, a uma rua de distância. E eu aqui.<br />
<br />
<br />
<br />
Mas esses sonhos narrativos se desfizeram logo quando ele entrou em casa, adentrou o escuro da porta da cozinha (a varanda é também os fundos da casa em cima). Percebi que era só imaginação, que ele não era quem eu pensava. Mesmo assim, suspirei.</div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-82189258200599584492014-03-14T18:45:00.001-07:002014-03-14T18:55:39.929-07:00bises bises à bientôt<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Je préfère maintenaint t'ecrire avant qu'il soit trop tard. Je voudrais te dire autant des choses, mais surtout que J'ai appris à parler ta langue. Donc je peux me communiquer, me corrépondre avec toi, parler de mes chansons, de mes amours, parler de gens que je rencontre partout.<br />
<br />
Tu me manques. C'est lá où je me pers. Je t'aime.<br />
<br />
À bientôt, bises,<br />
Merson.<br />
<br /></div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-43879422957570934482014-03-09T12:21:00.001-07:002014-03-09T17:01:03.641-07:00de que e de quem sou vítima<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
daí que entrei no teu quarto, me enfurnei nos teus livros, me desloquei até tua cama<br />
nem te vi direito naquele escuro, mas podia escutar muito bem<br />
essa pele, esse cuzinho, tudo tão gostoso<br />
<br />
agora eu espero um sim<br />
um vamos sair<br />
entre uma punheta e outra, um sonho e outro<br />
<br />
da tua pele morena, tenho saudades<br />
porque ela me lembra doutras peles morenas,<br />
<br />
e daí meus sonhos, de que sou vítima, que me atacam</div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-42065751843075807402014-02-24T16:38:00.002-08:002014-02-24T16:38:27.628-08:00maniumfesto<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
será necessário falar apenas dos afetos, das sensações, dos desejos experimentados, vividos?<br />
será possível apenas um "falar de si" por aqui?<br />
ou há espaço para a criação literária de ficção?<br />
<br />
poesia ou literatura?<br />
<br />
escrever como um gesto sem fim, cotidiano, talvez sem futuro, mas com materialidade. de gestos, de canções, dos afetos, do fazer ficção.<br />
<br />
[e quando escrevo poesia, não faço ficção?]<br />
<br />
penso num novo momento aqui no blogue. de uma escrita que se flua [ainda] mais para outros fazeres: outras escritas, outros estilos, doutras formas. doutros temas, doutras referências ou referenciais. não é algo que se decide de uma hora pra outra, mas, que, talvez, se construa com o tempo. esse tempo da fabulação que não é de um segundo, nem de um minuto: talvez, de uma vida toda.</div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-57408348839977553982014-02-24T16:38:00.001-08:002014-02-24T16:38:12.599-08:00i will sobreviver, hey hey<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
porque escrever é passar o tempo. é ocupar o tempo de alguma forma. é ocupar o tempo do jeito que eu sei fazer melhor. fazer melhor porque mais espontâneo, porque mais livre, porque mais leve.<br />
porque escrever é também companhia. é des-companhia. da janela do meu quarto eu posso ver alguém escutando I'll Survive. Escuto daqui e acompanho. Estou sozinho, mas eu pretendo e vou sobreviver.<br />
<br />
porque escrever é também estar no mundo, é se inscrever de alguma forma no mundo, é passar o tempo, é se inscrever no tempo.</div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-15871419025919232122014-02-14T05:01:00.000-08:002014-02-14T05:01:32.905-08:0017/09<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
essa cidade ainda me é cheia de lembranças, coisas de que não consigo esquecer. o corpo marcado, a memória em chamas. chamam para si, para essa superfície epitelial, mas também àquela superfície rugosa do cérebro inúmeras imagens sem fim, sem nexo, talvez com apenas um destino: esquecê-las.<br />
<br />
do tecido afetivo da cidade ou o direito às memórias.<br />
<br />
o que te trago de fortaleza? as músicas que agora me tomam...<br />
<br />
fazendo a sophie calle.</div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5450665351273138756.post-4982371141711042242014-01-20T07:21:00.000-08:002014-01-20T07:21:26.009-08:00sozinho<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
estar sozinho pode ser bem difícil.<br />
pode ser fácil.<br />
pode-se escrever bem sozinho. pode sair uma cagada.<br />
pode-se precisar de inspiração. pode-se tentar pra esquecer.<br />
<br />
porque assim: eu escrevo, e assim esqueço, e me animo, e escrevo mais.<br />
é assim que quero, que gosto de ser.<br />
<br />
tenho saudades.<br />
saudades: me deixa em paz.</div>
Emerson da Cunhahttp://www.blogger.com/profile/01231415562701670271noreply@blogger.com0