quarta-feira, 12 de agosto de 2009

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Foi o dia em que o sol mais lançou seus raios: que mais irradiou. Não, não quer dizer que foi um dia quente, mas foi um dia eseencialmente iluminado, de muita luz. Os de íris mais sensíveis sentiram um breve cegueira, um estalo de não mais ver por minutos. E não era trocar o colorido pelo preto dos olhos fechados, mas por um branco cintilante que se tornava irremediavelmente azul brilhante e celeste. Afinal, são de cores do céu que estamos falando. Outros, de organismos radicalmente adaptáveis, passaram a ver tudo num tom amarelado, ou igualmente azulado celestialmente, e seus olhos remelavam sem parar durante as primeiras horas do dia, tanto que nenhum banho conseguia limpar-lhes as pálpebras, e nenhum dos lenços vendidos aquela tarde, não se sabia mais se em padarias ou em farmácias, pois o nome era alocado logo no alto das lojas, e as pessoas evitavam olhar para cima, conseguiam submeter. Era o hábito de terem nas retinas muito maior incidência da luz solar, do que o normal.
E as sobrancelhas, afinal, se lançavam numa tensão final, assim como os bochechas inchavam avermelhadamente. E fechavam os olhos de quem ainda enxergasse, para que ainda menos luz entrasse. E, tensionados os rostos, adquiriam uma aparência estranha de caretas de deuses africanos espantadores de espírito. Da mesma forma, espantavam-se as próprias pessoas, até o ponto em que todas observaram que todas estavam assim, e se reconheciam naqueles rostos propositadamente inchados.

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