terça-feira, 29 de maio de 2012

Sabe que meu filme acabou e agora tenho que revelá-lo?

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O que eu sinto muda, afeta o que estudo, como estudo e como vejo e sinto meu objeto de estudo.
Meus afectos, ou meus estados ou movimentos de afecção colocam também em movimento a forma como lido e vejo meu objeto - ou subjecto ou projecto - de estudo, tal seja, a pornografia.

Sabe que sentir é um negócio louco? Passa pela pele, atravessa, mas continua superficial. Porque toca, e pele é isso: superficialidade. E com os olhos, ao passarmos por tão perto dos poros, pelos, barbas, cabelos, também nossa imagem é superfície. E quanto tocamos, também é superficie. Porque sentir vai no olhar o olhar do outro, contacto de globos oculares. Talvez o que mais entre e afunde e aprofunde sejam os cheiros, e sobre eles escrevi no texto anterior. Hipertexto? Ou movimento de imagens do sentir?

Tenho medo, porque tenho sentido que meu objeto não me grita, não necessariamente, mas ele me afecta. Dentre tantos outros afectos, ele mexe e me move, e também se move por outros subjetos, objectos e projectos que me afectam ao mesmo tempo. Talvez seja a melancolia (via Denilson Lopes) que me faça sentir e flutuar sobre adentro isso com mais tranquilidade e naturalidade. Talvez com mais delicadeza.

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Ou então produzir, produzir delicadeza, ou produzir imagens técnicas com sobre delicadeza. E aí, comofas?

domingo, 27 de maio de 2012

Xêiros

Sabe cheiro?

Cheiro que impregna na barba.
Cheiro que faz barulho.
Cheiro que é familiar, que lembra.
Cheiro que cheira, que esfrega, que roça.
Cheiro de pele. Cheiro de pêlo. Cheiro de cu.
Cheiro que assanha, que desgrenha, que impregna ainda mais.
Cheiro que se dá, que conquista e que se conquista.
Cheiro suave, não mais bruto. Cheiro que recupera e contextualiza o olhar.
Cheiro de perto, de poros, de suor, dos cravos e espinhos. Cheiro de pele, de barba.
Cheiro que delicia, que se olha.
Cheiro que dá, e que aconchega. Cheiro de suvaco, na mão, na pele, na boca. Na barba.
Cheiros, cheiro.

Cheira

sábado, 5 de maio de 2012

Perdi minha sensibilidade

Perdi minha sensibilidade. Não sei em que lugar do caminho, mas a perdi. Perdi como menino que corre deixa cair alguma coisa na mão, e só depois de acabada a brincadeira é que percebe. E não sabe mais voltar atrás, nem onde deixou.