sábado, 2 de abril de 2011

Amanhecendo no táxi

Já saímos de táxi, de madrugada.
Olhávamos, de rosto inchado, o céu e suas cores, a luz que teimava em arranhar as pupilas. E nosso olhos sujos, vermelhos, inchados eram marcas da madrugada que havíamos pecado juntos. E nisso, havia um quê de divino, de mágico. Pois, se entre as quatro paredes do motel, poderíamos estar juntos e nos abraçarmos e sermos lindos um com o outro, ali fora isso era crime e pecado. E nossa paixão, nossa cumplicidade ali disfarçada era um segredo, que só se dissipava quando nossos olhares se encontravam no meio da rua, no corredor das exposições, no caminho do ônibus. Ou, naquela manhã inquieta, nos caminhos do táxi até em casa.

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