quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Tatuajes

E, ainda, esse corpo que insiste.

Não me pergunte o que pode o corpo, mas o que não pode o corpo.
Esse corpo pesado, tangível, discretamente indiscreto, mas que passa imperceptível.

Corpo rejeitado, modificado, biopoliticamente disciplinado, de gestos e posturas programadas.
Fugir do corpo? Nem. Há que se criar com ele, inventar outros corpos, outras ações. Outros sexos.
Esse corpo sagrado, profanado, erotizado e pornotatuado.

Esse corpo que insiste, que existe, que resiste re-existindo a despeito e por causa de tudo.
Dele não me atrevo a desatar: ele é eu; sem ele, me morro, me mato.

Lançado nesse mundo de meu Deus, ou de meus deuses (Eros é um deles), tenho medo e sente medo, ele, meu corpo. O medo de apanhar, de não saber, de não sorver. Por isso escreve, se increve, ora para se inscrever no mundo, ora para se livrar do próprio corpo e ser apenas palavra.

Corpo poeta, pesquisador poeta. Tudo o que diz é verdade.
Deixa de ser verdade depois de dito. Para não ser mais, nem voltar a ser.

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