quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Pequeno doloroso diálogo madrugal

- Oi.
- Oi.
- Tudo bem.
- Como é que você tá?
- Tudo bem - respondeu choroso.
- Tais em casa?
- To sim. Tais onde? Na universidade?
- To sim.
- Tava ficando com alguém, foi?
- Mais ou menos... - respondeu triste e, ao mesmo tempo, reticente.
- Ta bom. Tchau.
- Fica bem, viu?
- Ta bom. Tchau.

Daí, deitou, mas não conseguiu dormir, a cama balançava a noite toda, na verdade era o corpo que balançava, tremia, gemia, doía, gritava de dor e aflição. Chorava, rangia, e a ansiedade lhe desesperava. Não sabia o que fazer. A mãe, no quarto ao lado, não poderia perceber nada, nenhum grito do choro. Não resistiu, com os primeiros raios do dia, vestiu a calça e a camisa com que havia chegado na noite anterior e se debandou de casa, sem se importar como o que a mãe pensaria com aquela saída repentina.
Eram cinco da manhã, e esperaria até as cinco e meia da manhã pelo ônibus. Veio, e foi. Chegando à universidade, nada, nenhum sinal, nenhum vestígio de vida, Nada, nenhum vestígio dele. Andou até o fim da pista, e chorou copiosamente. Voltou insatisfeito, triste, enciumado. Voltou de ônibus, por volta das seis e meia da matina. Nunca mais fora o mesmo.

Um comentário:

  1. era. é. ser. sendo.

    sem cura, sem remédio.

    melancolia. nunca mais fôra, fora do mesmo.

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