É difícil saber até que ponto, no nosso trabalho de jornalistas/escritores, nosso afeto influencia cada trabalho que realizamos. E, por afeto, não entendo apenas sentimentos e subjetividades, mas as formas como os conceitos, nossas visões, nosso conhecimento e nossa sensibilidade afetam o que transformamos em palavras.
Palavras, ou melhor, transformar ações e situações factíveis em palavras é fazer ficção, por mais que sigamos algum conceito de objetividade ou imparcialidade ou neutralidade discursiva.
Falo essas coisas, ou melhor, essas coisas me vieram novamente à tona após assistir o filme Capote, sobre como o escritor que dá nome ao filme pesquisou e escreveu seu último livro e grande obra-prima "A Sangue Frio", na década de 1960. Ainda que não ache um grande filme, a atuação de Philip Seymour Hoffman trabalha bem a questão de moral e ética do filme. O olhar, a forma de falar, os silêncios nos levam a um Capote sincero e fiel em sua interpretação. E sobre ética e moral, não me venha falar em cartilhas de jornais ou algo do tipo. Falo de até que ponto vão ou seguem nossos valores ao ponto de atingirmos o que queremos fazer como trabalho, e de que forma, dessa forma, esse trabalho também nos influencia moral e pessoalmente.
Depois de assistir ai filme, não se consegue ler o livro da mesma forma. As palavras, o papel, a edição colocam aquela estória do assassinato da família Clutter muito mais longe e distante de nós: parece, de fato, um livro de ficção. Pensar que aquelas palavras, aqueles desenhos, aquelas descrições, as falas, tudo foi algo construído e afetado por tantas coisas - desde possíveis invenções do próprio Capote até a dificuldade em conseguir informações pelo fato de ser uma beecha afetada - e mais, que aquilo remonta a uma estória real, factível, acaba por fazer desse livro um dos mais pesados. E afetados. E afetivos que já li.
Ah, por fim, acho que agradeço muitíssimo ao prof e amigo Thiago Soares, por ter me feito abrir os olhos para essas interpretações maravilhosas acerca do fazer jornalístico e do escrever.
Palavras, ou melhor, transformar ações e situações factíveis em palavras é fazer ficção, por mais que sigamos algum conceito de objetividade ou imparcialidade ou neutralidade discursiva.
Philip Seymour Hoffman em "Capote" (2005) |
Falo essas coisas, ou melhor, essas coisas me vieram novamente à tona após assistir o filme Capote, sobre como o escritor que dá nome ao filme pesquisou e escreveu seu último livro e grande obra-prima "A Sangue Frio", na década de 1960. Ainda que não ache um grande filme, a atuação de Philip Seymour Hoffman trabalha bem a questão de moral e ética do filme. O olhar, a forma de falar, os silêncios nos levam a um Capote sincero e fiel em sua interpretação. E sobre ética e moral, não me venha falar em cartilhas de jornais ou algo do tipo. Falo de até que ponto vão ou seguem nossos valores ao ponto de atingirmos o que queremos fazer como trabalho, e de que forma, dessa forma, esse trabalho também nos influencia moral e pessoalmente.
Depois de assistir ai filme, não se consegue ler o livro da mesma forma. As palavras, o papel, a edição colocam aquela estória do assassinato da família Clutter muito mais longe e distante de nós: parece, de fato, um livro de ficção. Pensar que aquelas palavras, aqueles desenhos, aquelas descrições, as falas, tudo foi algo construído e afetado por tantas coisas - desde possíveis invenções do próprio Capote até a dificuldade em conseguir informações pelo fato de ser uma beecha afetada - e mais, que aquilo remonta a uma estória real, factível, acaba por fazer desse livro um dos mais pesados. E afetados. E afetivos que já li.
Ah, por fim, acho que agradeço muitíssimo ao prof e amigo Thiago Soares, por ter me feito abrir os olhos para essas interpretações maravilhosas acerca do fazer jornalístico e do escrever.