domingo, 1 de junho de 2014

não sê-lo, eis a questão

[lembrando de Rodrigo Vaz]

nesse dia, eu senti empatia por quem é considerado "louco"
pelos olhos, pela reclusão, por aquela porta-vala que se abria e para onde iam, eu pensei que iria também,
que poderia ir

e, no meio dessas poucas falas e explicações, de pouca instrução, de sacolas de industrializados, eu me senti pertencente a esse espaço e temeroso por isso, ao mesmo tempo em que os via tão ignorantes de si mesmos, suscetíveis ao apelo, à interpelação do outro: "ele é louco, minha senhora".

e louco tenho me sentido, e tenho mais medo, mesmo, é da normalidade. ser normal é linha tênue, é pânico, é medo de não ser normal. tenho empatia pelos loucos porque, quem sabe, devo ter empatia por mim e pelos outros.

não ser normal.
talvez nunca tive tanta ideia do que isso, meu querido, queria dizer.

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