domingo, 3 de agosto de 2014

nem sei mais se desejam

e eis que me aparecem uns gestos, e eis que ensaio e enceno uns gestos do nada.
do nada, me roço nas paredes, nos cantos e nas esquinas.
aproximo minha boca das portas, das paredes. me torno lascivo.
sou lascívia pura, e me pego acariciando o mundo inteiro, as mesas, as portas, o computador.
beijo meus óculos, e fico me cheirando, um cheiro aqui, outro acolá.
sinto falta de pele, de pelo, e nessa falta me vêm tais gestos, que visam se completar e completar o mundo.

não, eu não caibo mais em mim, e, suponho, que nem mais em ti. eu inflo pro mundo, me perco sem retornar. daí que olho para a varanda, meio desalento. rosto pro lado, cabeça na mão, cotovelo na mesa.
perdi até minha escrita. nem sei mais como escrever.

p.s.: daí que meu cheiro e teu cheiro se misturaram, não se dissipam nem se desmembram mais:
se desejam.


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